Loading...
Rio Maranhão

CBH Maranhão VI Eicob debate educação ambiental, qualidade da água na área rural, cobrança e aponta desafios e oportunidades para 2026.

A Associação de Produtores Rurais do Lago Oeste (Asproeste) recebeu os membros dos três comitês de bacias distritais: CBH Maranhão-DF, CBH Paranaíba-DF, CBH PretoDF.

Logo no início das atividades, foi realizada uma visita pela área da Associação, que além de uma horta comunitária, agrofloresta, quadra de futebol, salão de reuniões, conta com um galpão onde são realizadas aulas de corte e costura para a comunidade interessada.

Na abertura oficial do evento, os presidentes Alba Evangelista Ramos (CBH Paranaíba-DF), Marcelo Benini (CBH Maranhão-DF) e Gilmar Batistella (CBH Preto-DF) fizeram breves retrospectivas sobre as atividades realizadas ao longo do ano. Em comum, a participação no Plano Diretor de Ordenamento Territorial e luta para que os recursos hídricos figurem como eixos estruturantes das políticas territoriais. Ainda no PDOT, os comitês propuseram a criação de seis Áreas de Proteção de Mananciais (APMs) das quais apenas duas devem ser contempladas: APM Águas Emendadas e APM Córrego D’Antas. Além disso, o PDOT prevê a redução de áreas estritamente rurais ao expandir a zona urbana em 5%.

Um destaque é que em 2025, os comitês conquistaram vaga permanente dentro do Comitê de Gestão das APMs, criado para coordenar a gestão e o monitoramento das APMs, e composto por membros de secretarias de governo, de diversas áreas.

Estavam presentes também na abertura, o secretário executivo da Secretaria de Agricultura, Pedro Paulo Barbosa; o representante da Secretaria de Meio Ambiente do DF, Jansen Rodrigues; a presidente da Asproeste, Marilza Speroto; o representante da Adasa, Wendel Lopes e a representante do Brasília Ambiental, Janaina Starling, que reforçaram a disponibilidade e parceria das instituições com os comitês de bacias.

Qualidade da água

O pesquisador Eduardo Cyrino, da Embrapa Cerrado, apresentou um estudo sobre Índices de qualidade da água para apoio ao produtor rural no Distrito Federal. Ele abordou o conceito de qualidade da água, contextualizando que diferentes usos requerem diferentes níveis de exigência com relação à qualidade da água.

Eduardo Cyrino apresentou ainda um histórico dos trabalhos realizados pela Embrapa sobre qualidade da água que analisaram fluxo de nutrientes, agrotóxicos, impactos urbano e agrícola sobre a qualidade da água de corpos hídricos do Distrito Federal, até chegar a análise de IQA suas relações com o meio biótico e com a paisagem.

A pesquisa constatou que somente 15% da população rural do DF tem acesso à rede de abastecimento de água e que a maioria dos moradores se utilizam de poços individuais para o abastecimento, onde 100% das amostras estavam contaminadas com E.Coli e 10% por nitrato, geralmente as propriedades próximas a áreas agrícolas.

O pesquisador lembrou que os IQAs são ferramentas de comunicação que revelam a situação das águas e a necessidade de ações e políticas para determinada região.

O grupo agora espera deve dar continuidade às pesquisas para a validação dos índices para o DF e a aplicação junto ao Programa Produtor de Água.

Educação Ambiental

Com a proposta de fazer da escola um espaço de convivência inspiração para a comunidade, o professor Leonardo Hatano, quando estava no Centro Educacional AgroUrbano do Ipê, desenvolveu na escola com o apoio de professores, alunos e funcionários da escola, diversos projetos de educação ambiental voltados para a conscientização, aprendizado e resgate da cidadania.

Foram muitos projetos e atividades que envolveram toda a comunidade escolar, e enriqueceram o processo de ensino e aprendizagem dentro do CED, como a criação da composteira, captação de água da chuva, aquaponia, fogão solar, minhocultura, monitoramento de nascentes, cortina verde, sala ecológica, agrofloresta entre outros.

Focados na conexão com a realidade dos estudantes e da escola, os projetos também trabalham a conscientização, mobilização e engajamento, e se tornaram importantes ferramentas pedagógicas que vem auxiliando os professores e alunos com os conteúdos programáticos. A escola atualmente conta com uma rede de parceiros que financiam parte dos projetos.

As inciativas transformadoras e de impacto socioambiental renderam ao professor Hatano premiações dentro e fora do país. Em 2025 ele passou a compor a equipe da Escola Parque da Natureza e esportes do Núcleo Bandeirantes, onde já planeja ações de monitoramento e acompanhamento da qualidade da água do córrego Vicente Pires, que corta a escola.

Ao final das palestras, foram realizadas duas dinâmicas de grupo, um jogo apresentado pela coordenadora do GTEA Paranaíba-DF, Carmem Araújo e pelo representante da Oca do Sol, Rodrigo Werneck. A outra atividade foi elaborada pelo professor Leonardo Hatano e consistiu na produção de bombas de sementes que foram lançadas na agrofloresta da Asproeste.

Cobrança sobre o uso da água

O representante da Adasa, Wendel Lopes, apresentou aos membros dados atualizados sobre a arrecadação da Cobrança pelo uso da água. Ele lembrou que a cobrança é um dos poucos recursos cuja aplicação é majoritariamente direcionado para melhorias na bacia (90%).

A agência elaborou uma minuta de Plano Orçamentário Anual (POA), mas os comitê, junto às Câmaras Técnicas, deverão trabalhar no refinamento do POA, definindo prioridades e ações a serem implantadas na bacia com base nos recursos estimados.

Até o momento, pouco mais de 10% do valor devido foi arrecadado pela Adasa.

A presidente do CBH Paranaíba-DF, Alba Evangelista Ramos, sugeriu a elaboração de um ofício conjunto, cobrando a Adasa e Caesb acerca dos valores da cobrança e das próximas ações da agência nessa temática.

Projeções

Ao final, os membros foram convidados a pensar nos desafios e resultados das ações dos comitês ao longo de 2025.

O CBH Maranhão-DF, encontra-se em área conhecida como última fronteira verde do Distrito Federal, e desatacou a mineração e a Companhia de Saneamento do Goiás como pontos de atenção para os próximos anos. Além disso, focar em campanhas de conscientização e ampliar o diálogo com as comunidades é um ponto a ser melhorado dentro do comitê.

O CBH Preto-DF uma bacia de eminentemente rural, destacou que é preciso aumentar a participação da sociedade civil que atualmente conta com baixa representatividade dentro do comitê e na ampliação de áreas atendidas com saneamento rural.

O CBH Paranaíba-DF, maior região hidrográfica do DF, reforçou a necessidade de melhoria no monitoramento da qualidade da água no Lago Paranoá, de criar espaços de debate para falar sobre os desdobramentos da COP 30 e o PDOT e da possibilidade de criação de um grupo de trabalho para acompanhar Projeto Produtor de Águas.

Essa foi a última atividade conjunta dos comitês em 2025.